Tenente-Coronel Vidal José do Pillar de Oliveira
Nascimento: 26-Ago-1780
Origem: Curitiba, PR

Nasceu em 26 de Agosto de 1780, em Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (atual Curitiba), PR.

 

Aos vinte e seis dias do mes de Agosto do anno de mil Setecentos e oitenta, nesta Igreja Matris de Nossa Senhora da Lus da Vila de Coritiba, baptizei e pus os Santos Oleos a VIDAL, innocente, filho de Luis Joze de Oliveira, natural da vila de Barcelos, no Arcebispado de Braga, e da sua molher, Anna Maria, desta da Coritiba; neto o baptizado por parte paterna João da Costa e de sua molher, Sebastiana Francisca, Naturais e Naturais da dita vila de Barcelos; e pela parte materna neto do Alferes Henrique Ferreira de Barros, natural da freguezia da Moreira, termo do Bispado do Porto, e de sua molher, Francisca de Jezus, natural desta de Coritiba. Foi Padrinho João Joze, Solteiro, filho do Alferes Henrique Ferreira de Barros, moradores desta mesma vila; E para constar, fis este assento hoje dia mes e anno ut supra.

 

Também chamado de Vidal José de Oliveira e Vidal José do Pillar.

 

Descrição: 177

Assinatura de Vidal

 

Filho do português Luís José de Oliveira e da brasileira Anna Maria da Trindade.

 

Aos dezaceis dias do mes de Junho do anno de mil oito centos e dez, nesta Matriz do Triunfo, sendo as quatro horas da tarde, feitas as diligencias do Estillo, por Provizão do Reverendo Vigario da Vara desta Comarca, em minha prezença e das duas Testemunhas abaixo assignadas, se receberão em Matrimonio e com palavras de prezente, VIDAL JOZE DO PILLAR, filho de Luiz Joze de Oliveira e de sua mulher, Anna Maria da Trindade, natural de Curitiba, e GERTRUDES BAPTISTA DE ALMEIDA, filha de João Baptista de Almeida e de Rachel Faustina de Menezes, natural desta Freguezia. E receberão as bençoes Nupciaes na forma do Ritual. De que para constar fiz este assento que assigney.

 

Casou-se em 16 de Junho de 1810, em Triunfo, RS, com Gertrudes Baptista Magna de Almeida, filha do Capitão João Baptista de Almeida e de Rachel Faustino de Menezes.

 

 

Vidal estabeleceu-se em uma fazenda nos campos das margens do rio Jaguari.

Em meados de 1814, ocupou campos entre os rios Ivaí e Ingaí, no Rio Grande do Sul.

Em 1823, Vidal recebeu oficialmente essas terras de sesmaria, de "uma légua de largo por três léguas de comprido", nos "campos na fronteira do Rio Pardo". Segundo seu requerimento escrito em 22 de Outubro de 1821, Vidal já ocupava estas terras há sete anos, e ali possuía "grande porção de animais vacuns e cavalares, casas, currais, mangueira e árvores de espinho". Vidal obteve diversas sesmarias, algumas requeridas para si, outras para os filhos e genros, outras compradas de que as tinha requerido. "Sua enorme área de campos e matos localizava-se na costa do Jacuí, desde o Ivaí, até a Fortaleza dos Valos". Provavelmente chegou a possuir mais de 20 léguas de sesmaria. Era "o fazendeiro mais opulento da comarca das Missões".

Mais tarde Vidal foi um dos fundadores da vila de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. Em 1821, fez o primeiro traçado da vila. A fundação oficial se deu em 18 de Agosto de 1821, com o nome de Divino Espírito Santo da Cruz Alta de Cima da Serra.

Em Cruz Alta, enquanto não houve autoridades civis, "era Vidal quem acomodava todas as questões, pois os habitantes da povoação ou os da campanha serrana submetiam-nas ao seu parecer conciliador e discreto".

 "Sendo o cidadão mais esclarecido e de maiores posses, logo se impôs como orientador dos demais habitantes, e como autoridade, que não havia naquela época. Foi ele quem redigiu e encaminhou ao Comandante da Fronteira o requerimento solicitando a demarcação do futuro povoado, bem como a transferência dos moradores do primitivo aldeamento duas léguas ao sul".

Em 10 de Abril de 1834, Cruz Alta teve suas primeiras eleições municipais, e Vidal foi escolhido para secretário da Mesa apuradora. Vidal foi eleito vereador, sendo o mais votado (com 129 votos). Curiosamente, dos sete vereadores eleitos, apenas um nascera no Rio Grande do Sul.

Em 1835, lutou contra os revolucionários, a favor dos legalistas.

Em 28 de Julho de 1835, vendeu a Estância São Francisco do Batu (comprada dos herdeiros de Bartholomeu Pereira), com quatro léguas de campos a Miguel Rodrigues de Carvalho por 4.000$000.

Pouco depois vendeu terras em São Borja ao Capitão Boaventura Soares da Silva.

Em 26 de Fevereiro de 1845, vendeu a Estância do Ivaí, grande área de campo de mais de duas sesmarias, ao Doutor Salvador Martins França.

 

Vidal faleceu em 4 de Outubro de 1846, em Cruz Alta, RS.

 

 

Em seu inventário constam: Uma invernada medindo uma légua de frente por duas de fundo [isto é, 8700 hectares], avaliada em 2.500$000, para os filhos Manoel Satyro e Policarpo.

 

Foi pai de sete filhos e seis filhas:

1.1. Laurentina Joaquina do Pillar, nascida em 1812. Casou-se com Antonio Rodrigues Pereira, o Apiaí, nascido em Sorocaba [citados em 1.11.], filho do Tenente Theobaldo Rodrigues Sampaio e de Isabel Francisca Pereira. Laurentina faleceu em 13 de Junho de 1846, e Antonio faleceu em 15 de Julho de 1871.

 

 

Laurentina faleceu por complicações do parto, após nascer sua quinta filha, também chamada Laurentina. A criança faleceu poucos dias depois da mãe.

 

1.2. Gertrudes de Almeida Pillar, casada com Francisco das Chagas do Amaral Fontoura. Gertrudes faleceu antes de 1846.

 

 

Em 20 de Julho de 1835, Vidal transferiu a fazenda do Ingaí a sua filha Gertrudes e seu genro Francisco.

 

1.3. Maria Lúcia de Oliveira Pillar, nascida em 15 de Abril de 1816, provavelmente nos campos do Jaguari. Casou-se em 27 de Maio de 1834, em Cruz Alta, RS, com o Brigadeiro Antonio de Mello e Albuquerque, o Mello Manso [citado em 1.10.], nascido em 4 de Dezembro de 1803, em Rio Pardo, RS, filho do Capitão Ricardo Antonio de Mello e Albuquerque e de sua primeira esposa, Perpétua Felicidade de Borba [citados em 1.5.]. Antonio faleceu em 17 de Março de 1868, e Maria Lúcia em 16 de Março de 1893, ambos em Cruz Alta.

 

 

Antonio, ainda adolescente, foi enviado por seu pai a Pelotas, RS, para se iniciar na carreira do comércio. Ali, trabalhou como caixa na casa do Sr. Soares de Paiva, onde "gozou da maior estima de seus amos".

Em 1822, tendo completado 18 anos, assentou praça como Primeiro Cadete no Regimento de Dragões, justificando para isso a nobreza de seus quatro avós. Serviu nesse regimento em todas as campanhas da província. Destacou-se notavelmente na Batalha do Rosário, em que, após desbaratado seu regimento, Antonio salvou a vida de seu comandante, que a partir de então "se lhe tornou singularmente afeiçoado".

"Desgostoso das preterições que sofreu em várias promoções e, tendo se casado em Cruz Alta com a filha do fazendeiro mais opulento da Comarca das Missões, pediu para ser excuso do serviço e, em 1832, recolheu-se à vida doméstica".

Contudo, "essa felicidade não durou, pois, estourando a revolução, Antonio, que fora eleito Capitão da Guarda Nacional por ocasião de sua criação, foi chamado ao serviço das armas. E, em poucos dias, se apresentou com mais de duzentos homens prontos e armados, em grande parte à sua custa. Em poucos meses, comandava um corpo de tropa, sendo nomeado Tenente-Coronel".

Em 1835, Antonio (juntamente com seu sogro), lutou contra os revolucionários, a favor dos legalistas.

Participou da Batalha de Ilha de Fanfa, e prestou serviços tão relevantes que recebeu o comando de uma Brigada.

Em 1839 e 1840, serviu em Lages, SC, e em Curitiba, PR, sob as ordens do General Labatut. Mais tarde, Antonio assumiu o comando dessa força, e levou seus homens de Lages para Curitibanos, SC, onde, "após renhido combate, destroçou completamente os inimigos (liderados pelo próprio General Garibaldi), fazendo grande número de prisioneiros", inclusive a célebre heroína Anita Garibaldi. Por esse assinalado serviço, foi nomeado Coronel honorário do Exército e condecorado com a insígnia da Ordem da Rosa".

Terminada a revolução, Antonio foi eleito deputado por três legislações sucessivas para a Assembléia Provincial, onde "prestou bons serviços", e foi presidente da Câmara em Cruz Alta em sucessivos quatriênios.

Mais tarde, foi nomeado para o Comando Superior da vila de Cruz Alta. Enfrentou diversos problemas na política partidária, sendo "vítima de muitas injustiças". Apesar da "justa mágoa", soube enfrentar as adversidades, vivendo em "pobreza honrada".

"A cultura, ao lado de um coração de poeta, livre e amante do bem, permitiram-lhe expandir em versos seus sentimentos e paixões".

Recebeu a alcunha de "Mello Manso" por sua grande paciência e gênio calmo, em oposição a outro chefe político do mesmo nome, que, por seu gênio violento era chamado de "Mello Bravo".

 

1.4. Alferes Manoel Satyro do Pillar, nascido em 1818, provavelmente nos campos do Jaguari. Casou-se em 6 de Abril de 1859, em Cruz Alta, com Anacleta Luísa de Araújo, filha natural de Mardoqueu de Araújo Macedo (que era casado com Umbelina Alves) e de Luísa Maria.

1.5. Capitão Vidal Baptista de Oliveira Pillar, nascido em 1821, provavelmente nos campos do Jaguari. Casou-se com Senhorinha Perpétua de Mello e Albuquerque, filha de Ricardo Antonio de Mello e Albuquerque e de sua primeira esposa, Perpétua Felicidade de Borba [citados em 1.3.].

1.6. Joanna Baptista de Almeida Pillar, nascida em 1823. Casou-se em 2 de Junho de 1851, em Cruz Alta, com Joaquim Veríssimo da Fonseca, nascido em 1816, em Ouro Preto, MG, filho do português Manoel Veríssimo Esteves da Fonseca e da brasileira Quitéria Rita da Conceição.

 

 

Em 1841, 1873 e 1880, Joaquim exerceu o cargo de vereador em Cruz Alta.

Em 1865, fez parte da Comissão Recrutadora para a Guerra do paraguai.

 

1.7. Vicente Ferreira de Almeida Pillar, nascido em 14 de Janeiro de 1826, "na capela de São Francisco de Assis, na casa de seus pais", em Cruz Alta. Casou-se com Victalina Leite.

1.8. Doutor Olivério José do Pillar, nascido em 24 de Abril de 1828, em Cruz Alta. Casou-se em 15 de Janeiro de 1853, em Sorocaba, SP, com Maria Joaquina do Nascimento Prestes, nascida em 17 de Janeiro de 1834, em Sorocaba, filha do Capitão José Ferreira Prestes e de Maria Joaquina do Nascimento Braga.

1.9. Emília Vidalina de Almeida Pillar, nascida em 1829, em Cruz Alta. Casou-se em 26 de Agosto de 1847 com o Coronel Fernando Martins de Araújo França, nascido no Paraná, filho do Capitão José Martins de Araújo e de Catharina Leonísia França.

 

 

Em 1889, por ocasião da Proclamação da República, Fernando era Presidente da Câmara de Sorocaba, e foi responsável pelo encerramento das sessões.

 

1.10. Coronel João Baptista Vidal de Almeida Pillar (Jango Vidal), nascido em 1º de Julho de 1830, em Cruz Alta. Casou-se em 28 de Fevereiro de 1857, em Cruz Alta [junto com seu irmão Crispim], com sua sobrinha Maria Marciana Pillar de Mello e Albuquerque, filha do Brigadeiro Antonio de Mello e Albuquerque, o Mello Manso, e de Maria Lúcia de Oliveira Pillar [citados em 1.3.]. João Baptista faleceu em 9 de Maio de 1879.

 

 

O Major Jango Vidal, comandando o 19º Corpo, participou do Cerco de Urugaiana, e presenciou sua rendição.

Em 20 de Julho de 1867, no quartel-general de Tuiuti, Jango foi nomeado Tenente-Coronel do 20º Corpo de Voluntários da Cavalaria da Guarda Nacional.

No mesmo ano, pediu dispensa do exército, e regressou a Cruz Alta. Ali chegando, encontrou seu sogro já doente; Jango foi então indicado para substituí-lo no posto de Comandante Superior da Guarda Nacional, cargo que exerceu até o fim de sua vida.

Jango foi proprietário da Fazenda São Jerônimo, situada no Rincão dos Valos.

 

1.11. Capitão Policarpo Vidal de Almeida Pillar, nascido em 2 de Março de 1832, em Cruz Alta. Casou-se em 28 de Fevereiro de 1857, com Constantina Soares de Oliveira.

 

 

Em 1867, Policarpo foi o Capitão Comandante do 9º Corpo Provisório de Cavalaria, na Guerra do Paraguai.

 

1.12. Tenente Crispim Vidal de Almeida Pillar (Crispim José do Pillar), nascido em 1833, em Cruz Alta. Casou-se em 28 de Fevereiro de 1857, em Cruz Alta [junto com seu irmão João Baptista] com sua sobrinha Antonia Rodrigues de Pillar, nascida em 1841, filha de Antonio Rodrigues Pereira, o Apiaí, e de Laurentina Joaquina do Pillar [citados em 1.1.].

1.13. Gertrudes Magna de Almeida Pillar (Dona Tudinha), nascida em 1835, em Cruz Alta. Casou-se em 2 de Junho de 1851, em Cruz Alta, com o Capitão João Lucas Annes, nascido em 4 de Fevereiro de 1825, em Caçapava do Sul, RS, filho de José Manoel Lucas de Oliveira Annes (Juca Annes) e de Anna Pereira da Silva. Gertrudes faleceu em 24 de Março de 1885, em Passo Fundo, RS, e João Lucas em 16 de Novembro de 1889, em Caçapava do Sul, e foi sepultado em Cruz Alta, ao lado da Igreja Matriz.

 

 

Dona Tudinha acrescentou o "Magna" em seu nome para diferenciar-se de sua irmã homônima.

João Lucas foi comerciante.

Exerceu o cargo de Secretário da Câmara Municipal de Cruz Alta.

Em 1858, foi nomeado por Dom Pedro II para o posto de Capitão secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional dos municípios de Cruz Alta e Passo Fundo.

João Lucas faleceu de "degenerescencia encephaloica do testículo".

 

 

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